Por que o amor é necessário?
Poderíamos definir inúmeras razões, mas é suficiente apenas uma: não há sentido
na vida sem amor, pois somos seres sociais e necessitamos de companhia,
carinho, afeto e atenção para que o viver deixe de ser uma simples fase de uma
espécie do planeta Terra e passe a ser uma explosão divina de magia e
satisfação plena. De acordo com Neusa Vendramin Volpe e Ana Maria Laporte
(2000, p. 99) o amor é “o meio procurado e desenvolvido pelo homem para vencer
o isolamento e escapar da loucura. Sem ele, o homem torna-se árido, incapaz de
encantar-se com a vida e de envolver-se com os outros.”
É comum as pessoas confundirem amor
com paixão, porém é inconcebível tal confusão. A paixão é desejo momentâneo que
acaba com a realização do envolvimento, pois o encanto deixa de existir a
partir do momento que se estabelece a percepção de que fora apenas algo
superficial e desejo carnal para com a outra pessoa, na qual o indivíduo passa
a viver novamente em busca de um amor para disseminar a solidão. Em
contrapartida, o amor é um sentimento que surge ao longo do tempo, através de
uma convivência contínua, a qual prevalece o zelo e respeito mútuo que
desencadeia o desejo de estar próximo, de carinho, companheirismo e não apenas
o aspecto físico-carnal com o outro.
Diante disso, faz-se importante
destacar as diferentes ramificações presentes no que diz respeito amor. Segundo
Martim Carlos Warth (2002, p. 157-152) podemos dar ênfases sobre o amor que
auxiliam nossa reflexão ética sobre o 6° mandamento: o primeiro seria o amor
ágape que é “um amor de respeito, de valorização da outra pessoa, de carinho,
afeto, estima e admiração pelo ser humano que Deus colocou em nossa vida... O
amor ágape leva a compreensão e ao perdão quando no casamento houve um descompasso
nas relações humanas”; o segundo seria o amor eros “(...) que agora o amor se
transforma em desejo, vontade de possuir e de gozar, paixão ou ambição. O
interesse do amor eros, determinado pela libido, avalia as funções da outra
pessoa, ou mesmo de uma coisa, e determina sua conquista quando considera essa
função favorável.” O terceiro denominado filia é “(...) também é um amor de
paixão, de um querer bem, de um desejo de satisfação da libido. Mas ele engloba
mais: é um amor protetor, porque se envolve e se compromete totalmente com a
pessoa amada.”
Importante ressaltar que a ética no
amor não está na proibição do amor eros, mas sim na prática de atos impuros, na
forma de enxergar o amor como apenas uma maneira de suprir os desejos físicos.
A ideia de dominação do homem perante a mulher surgiu desde os primeiros
períodos da historia onde os homens em suas sociedades de costumes caçavam, enquanto
as mulheres cuidavam da lavoura, dos filhos e a constituição física de
delicadeza as colocava em forte dependência ao homem.
Hoje, com a evolução dos movimentos
feministas, a mulher viu a necessidade de se equiparar igualmente aos homens
perante aos seus direitos e a diferença, que a faz ser vista com erotismo pelo
homem.
Sabemos que a relação homem e mulher
é complexa e que ambos devem respeitar a ética de suas personalidades para
manter o equilíbrio de seus papéis sexuais e sociais.Temos o rótulo como um
problema ético social na sociedade atual, pois rotular uma pessoa para
observá-la apenas de uma maneira que satisfaça o próximo seja homem ou mulher
significa dizer que a sociedade neoliberal juntamente com a mídia são os
principais órgãos manipuladores dos desejos das pessoas investindo na imagem de
uma mulher nua como exemplo, ou vídeos eróticos como forma de trazer a atração
sexual prematuramente e de forma rápida para o homem. Assim vemos que as ideias
do amor chocam-se com os interesses de mercado consumista do neoliberalismo que
tem por principal ferramenta, a mídia.
O amor na sociedade contemporânea possui
barreiras para ser totalmente alcançado, onde o individualismo, o consumo
compulsivo e a falta de coletividade com o próximo geram características
negativas nas pessoas como: o processo de rotular, o ser narcisista e o egoísmo
do seres humanos desprezando os valores de justiça, dignidade e ética que são
termos que deveriam vir “de berço”.Assim, para superarmos essa ambição presente
na sociedade devemos colocar o amor como principal tema para desenvolver a
capacidade de encontro,de sensibilidade, de afeto com o próximo seja em um
ambiente de trabalho, relação casual ou o próprio amor aos filhos, pois temos
hoje infelizmente um mundo onde parentes consanguíneos se matam, jovens que
perdem o amor a vida para entrar no mundo das drogas e do crime e enfim o
preconceito, então, será que podemos dizer que a nossa sociedade consegue por
si só, acabar com a falta de humanização ainda presente na espécie humana?
De acordo com o apresentado
anteriormente, percebemos quão difícil é a inserção do amor em uma sociedade
capitalista, ou seja, extremamente consumista, principal seguidora dos dizeres
da mídia e que impõe diferenças na distinção das classes sociais. Talvez, desconhecemos
o amor tão quanto Carlos Drummond coloca em seu poema “Reconhecimento do amor”,
quando diz que nós nos enganamos ao fugir do amor, pois o desconhecemos, talvez
com o receio de enfrentá-lo. Por fim, o homem é um ser que aceita a evolução de
sua sociedade, usa o que tem de novo e descoberto, mas permanece com o seu
instinto de ambição e não integra o amor a si próprio e com o próximo, por medo
de enfrentá-lo ou por medo de sofrer, essa lógica mostra que daí nasce os
problemas sociais, e que colocam as pessoas ainda tentando se diferenciar do
próximo, pois perante o amor e a religião, o homem sendo feito imagem e
semelhança de Deus, é um só, portanto, devemos amar a Deus sobre todas as
coisas, bem como amar ao próximo sem distinção, mas sim tratando-o como um
irmão.
Bibliografia
WARTH, Martim Carlos.
A ética de cada dia. Canoas: Ed.
Ulbra, 2002.
ARAÚJO,
Sílvia Maria de et. al. Para filosofar.
São Paulo: Scipione, 2000.
Autores
Daniella Domingues Santos
Jaquelaine
Souza Medeiros
Richard
Rodrigues Faria