domingo, 10 de junho de 2012

Amor


Por que o amor é necessário? Poderíamos definir inúmeras razões, mas é suficiente apenas uma: não há sentido na vida sem amor, pois somos seres sociais e necessitamos de companhia, carinho, afeto e atenção para que o viver deixe de ser uma simples fase de uma espécie do planeta Terra e passe a ser uma explosão divina de magia e satisfação plena. De acordo com Neusa Vendramin Volpe e Ana Maria Laporte (2000, p. 99) o amor é “o meio procurado e desenvolvido pelo homem para vencer o isolamento e escapar da loucura. Sem ele, o homem torna-se árido, incapaz de encantar-se com a vida e de envolver-se com os outros.”
É comum as pessoas confundirem amor com paixão, porém é inconcebível tal confusão. A paixão é desejo momentâneo que acaba com a realização do envolvimento, pois o encanto deixa de existir a partir do momento que se estabelece a percepção de que fora apenas algo superficial e desejo carnal para com a outra pessoa, na qual o indivíduo passa a viver novamente em busca de um amor para disseminar a solidão. Em contrapartida, o amor é um sentimento que surge ao longo do tempo, através de uma convivência contínua, a qual prevalece o zelo e respeito mútuo que desencadeia o desejo de estar próximo, de carinho, companheirismo e não apenas o aspecto físico-carnal com o outro.
Diante disso, faz-se importante destacar as diferentes ramificações presentes no que diz respeito amor. Segundo Martim Carlos Warth (2002, p. 157-152) podemos dar ênfases sobre o amor que auxiliam nossa reflexão ética sobre o 6° mandamento: o primeiro seria o amor ágape que é “um amor de respeito, de valorização da outra pessoa, de carinho, afeto, estima e admiração pelo ser humano que Deus colocou em nossa vida... O amor ágape leva a compreensão e ao perdão quando no casamento houve um descompasso nas relações humanas”; o segundo seria o amor eros “(...) que agora o amor se transforma em desejo, vontade de possuir e de gozar, paixão ou ambição. O interesse do amor eros, determinado pela libido, avalia as funções da outra pessoa, ou mesmo de uma coisa, e determina sua conquista quando considera essa função favorável.” O terceiro denominado filia é “(...) também é um amor de paixão, de um querer bem, de um desejo de satisfação da libido. Mas ele engloba mais: é um amor protetor, porque se envolve e se compromete totalmente com a pessoa amada.”
Importante ressaltar que a ética no amor não está na proibição do amor eros, mas sim na prática de atos impuros, na forma de enxergar o amor como apenas uma maneira de suprir os desejos físicos. A ideia de dominação do homem perante a mulher surgiu desde os primeiros períodos da historia onde os homens em suas sociedades de costumes caçavam, enquanto as mulheres cuidavam da lavoura, dos filhos e a constituição física de delicadeza as colocava em forte dependência ao homem.
            Hoje, com a evolução dos movimentos feministas, a mulher viu a necessidade de se equiparar igualmente aos homens perante aos seus direitos e a diferença, que a faz ser vista com erotismo pelo homem.
            Sabemos que a relação homem e mulher é complexa e que ambos devem respeitar a ética de suas personalidades para manter o equilíbrio de seus papéis sexuais e sociais.Temos o rótulo como um problema ético social na sociedade atual, pois rotular uma pessoa para observá-la apenas de uma maneira que satisfaça o próximo seja homem ou mulher significa dizer que a sociedade neoliberal juntamente com a mídia são os principais órgãos manipuladores dos desejos das pessoas investindo na imagem de uma mulher nua como exemplo, ou vídeos eróticos como forma de trazer a atração sexual prematuramente e de forma rápida para o homem. Assim vemos que as ideias do amor chocam-se com os interesses de mercado consumista do neoliberalismo que tem por principal ferramenta, a mídia.
            O amor na sociedade contemporânea possui barreiras para ser totalmente alcançado, onde o individualismo, o consumo compulsivo e a falta de coletividade com o próximo geram características negativas nas pessoas como: o processo de rotular, o ser narcisista e o egoísmo do seres humanos desprezando os valores de justiça, dignidade e ética que são termos que deveriam vir “de berço”.Assim, para superarmos essa ambição presente na sociedade devemos colocar o amor como principal tema para desenvolver a capacidade de encontro,de sensibilidade, de afeto com o próximo seja em um ambiente de trabalho, relação casual ou o próprio amor aos filhos, pois temos hoje infelizmente um mundo onde parentes consanguíneos se matam, jovens que perdem o amor a vida para entrar no mundo das drogas e do crime e enfim o preconceito, então, será que podemos dizer que a nossa sociedade consegue por si só, acabar com a falta de humanização ainda presente na espécie humana?
De acordo com o apresentado anteriormente, percebemos quão difícil é a inserção do amor em uma sociedade capitalista, ou seja, extremamente consumista, principal seguidora dos dizeres da mídia e que impõe diferenças na distinção das classes sociais. Talvez, desconhecemos o amor tão quanto Carlos Drummond coloca em seu poema “Reconhecimento do amor”, quando diz que nós nos enganamos ao fugir do amor, pois o desconhecemos, talvez com o receio de enfrentá-lo. Por fim, o homem é um ser que aceita a evolução de sua sociedade, usa o que tem de novo e descoberto, mas permanece com o seu instinto de ambição e não integra o amor a si próprio e com o próximo, por medo de enfrentá-lo ou por medo de sofrer, essa lógica mostra que daí nasce os problemas sociais, e que colocam as pessoas ainda tentando se diferenciar do próximo, pois perante o amor e a religião, o homem sendo feito imagem e semelhança de Deus, é um só, portanto, devemos amar a Deus sobre todas as coisas, bem como amar ao próximo sem distinção, mas sim tratando-o como um irmão.


Bibliografia
WARTH, Martim Carlos. A ética de cada dia. Canoas: Ed. Ulbra, 2002.
ARAÚJO, Sílvia Maria de et. al. Para filosofar. São Paulo: Scipione, 2000.

Autores
Daniella Domingues Santos
Jaquelaine Souza Medeiros
Richard Rodrigues Faria

Nenhum comentário:

Postar um comentário