domingo, 10 de junho de 2012

Caridade


Então, o que é caridade? O tema que me foi proposto foi :Ética e solidariedade: o verdadeiro conceito de caridade cristã. A caridade cristã vem daquele preceito de Jesus Cristo: Eu vos dou um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros. Jesus disse isto: O meu mandamento é que vos ameis uns aos outros. Num outro momento, Ele diz:Vocês são todos irmãos. Vocês são todos irmãos...
Essas coisas são revolucionárias, elas mudam tudo. Se você, de fato, faz disso um programa de vida, tudo muda. Sobretudo hoje numa sociedade muito excludente, que aprofunda as desigualdades, que acaba excluindo no sentido de que nós não somos mais importantes, os que não estamos incluídos. Por exemplo uma África: metade da África pode afundar e ninguém está interessado. E isso não pode acontecer. Para nós, cristãos, isso é inaceitável. Porque hoje não é mais necessário esse mundo de gente para produzir; se produz de outra forma. O próprio desemprego, cada vez maior, que vem com toda a globalização e o neoliberalismo e toda a tecnologia nova, que são coisas boas: a tecnologia nova é coisa ótima e eu acho que a ciência tem que continuar, a tecnologia tem que se aperfeiçoar, mas temos que encontrar formas que incluam a todos e façam que os benefícios disso sejam distribuídos a todos. Aí é que está a caridade no seu sentido maior, de que realmente todos – todos, sem exceção – devem ser incluídos. E nós temos que fazer tudo para que isso aconteça, para que todos tenham igualmente seus direitos reconhecidos e a sua oportunidade de vida. Todos, sem distinção, todos os seres humanos. A caridade vai nessa direção. E isso é ética. Ética é reconhecer a dignidade do ser humano e agir segundo a dignidade inviolável de cada ser humano. Esse respeito, essa promoção... Reconhecer os direitos, promover os direitos. Porque não é só reconhecer os direitos; é promover os direitos também. E a caridade ainda inclui justiça social, solidariedade e tudo aquilo que ajuda a promover as pessoas, a libertar as pessoas de todas as suas opressões.
Tudo isso está incluído na caridade. Só que a caridade tem alguns elementos novos. A justiça, que deve sempre ser promovida, pela qual devemos sempre lutar, é um dos ingredientes da caridade. O direito à justiça é um dos ingredientes da caridade. No entanto, a justiça sozinha não consegue cuidar das pessoas. Porque a justiça cobra, mas, por essência, não perdoa. A caridade perdoa...
Pensemos, por exemplo, no conflito entre Israel e o povo palestino. Nós podemos e devemos ali clamar pelo direito de cada um desses povos ter um território contínuo, que seja seu, onde possa ser um país autônomo, com soberania, autodeterminação, como qualquer outro neste planeta, com segurança e com o devido respeito pelo vizinho. Porém, se eles não conseguirem também perdoar, será muito difícil o futuro. Porque ao perdoar você reconstrói as coisas que ficaram feridas. Se não houver perdão, haverá sempre aquele impulso interior de vingar o que ficou para trás. A caridade diz: “não, você deve conseguir perdoar”. Senão, não se constrói um futuro depois de um conflito.
Então, a caridade tem elementos cristãos muito fortes. Hoje nós entendemos como caridade todo esse conjunto. Por exemplo, Jesus Cristo tem algumas palavras muito fortes. Vou lembrar a vocês. Ele, por exemplo, disse aquela frase muito estranha: “Se te baterem na face direita, oferece a esquerda”. Mas que coisa estranha! Isso porque os judeus tinham o “dente por dente, olho por olho”. Diziam: “Se ele lhe arrancar um dente, você tem o direito de arrancar um dente dele também”. Jesus disse: “Não”, porque você não pode sempre responder com violência a uma violência. Aliás, você nunca deveria responder com violência. Era a questão da violência. Na medida em que você responder com violência, o ciclo não termina mais. Nós sabemos como em certas regiões do Brasil existem as vinganças entre as famílias, que não terminam nunca.            Como existe na Máfia da Itália. Uma coisa chama a outra: violência é cobrada com violência. Não se consegue sair da violência, a não ser se alguém diz: “Não, eu não brigo mais. Você pode me bater, mas eu não vou responder. Senão, nós não terminamos. Nós vamos constantemente destruir, em vez de construir”.
Outra palavra que Ele disse: “Amai os vossos inimigos”. E todo o mundo ficou perplexo... Amai os vossos inimigos... e perdoai. Ele chegou a perdoar aqueles que o crucificaram.
Então, são elementos muito fortes, que, de fato, nós sabemos que são necessários para uma convivência humana possível, digna. A caridade, em todos esses elementos, é fundamental para uma convivência humana digna.


Bibliografia:
HUMMES, Claúdio, cardeal-arcebispo de São Paulo na abertura do Seminário Internacional Cristianismo - Filosofia, Educação e Arte 2: “Ética e situações-limite”, Faculdade de Educação da USP, 16-4-02. Ética e Solidariedade- o verdadeiro conceito de caridade cristã, disponível em : http://www.hottopos.com/videtur15/dclaudio.htm, acesso em 25 de maio de 2012.


Autores:
Carla Mariane Martins
Amanda Christina Macedo Silva
Wilgner Fernandes Borges do Carmo

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